Os 5 Sentidos: Chaves para a Liberdade ou Correntes para a Escravidão?

Os cincos sentidos

Imagine um rei que um dia esqueceu quem era. Ele foi levado para uma terra estranha, onde lhe ofereceram tudo que seus sentidos pudessem desejar. Alimentos irresistíveis, melodias hipnotizantes, texturas luxuosas, aromas inebriantes e imagens fascinantes. Aos poucos, ele parou de questionar, de pensar e, principalmente, de lembrar sua verdadeira origem. O rei se tornou escravo daquilo que deveria servir a ele. Essa é a nossa história.

Franz Bardon, Eliphas Levi e Cornélio Agripa ensinaram que os cinco sentidos não são meras ferramentas para explorar o mundo físico. Eles são portais para a compreensão da nossa própria divindade. No entanto, quando mal utilizados, se tornam correntes que nos prendem à ilusão da matéria. O segredo? A Vontade.

Os Sentidos Como Caminho para a Ilusão

Desde que nascemos, somos condicionados a confiar cegamente em nossos sentidos e você deve se lembrar  do bordão: “Ver para crer”, dizem, mas e se os olhos enganassem? E se os ouvidos filtrassem apenas o que nos convém? A grande ironia é que, enquanto confiamos cegamente em nossos sentidos, nos tornamos cativos deles.

  • Visão: Nos seduz com aparências e ilusões, levando-nos a julgar o mundo apenas pelo que enxergamos.
  • Audição: Nos ensurdece com barulhos externos, impedindo-nos de ouvir nossa voz interior.
  • Paladar: Nos vicia em prazeres momentâneos, nos afastando do jejum e da purificação.
  • Tato: Nos ancora no mundo físico, fazendo-nos esquecer que somos mais do que um corpo.
  • Olfato: Nos conecta ao passado, despertando memórias que nem sempre nos servem.

A Ordem Hermética da Golden Dawn ensinava que o primeiro passo para a ascensão espiritual é a tomada de consciência sobre essa prisão sensorial. Quando somos reféns dos sentidos, seguimos impulsos, não escolhas. Desejamos sem entender o porquê. Reagimos ao mundo em vez de moldá-lo.

A Vontade: A Chave Para Romper As Correntes

Cornélio Agripa ensinava que a Vontade é o verdadeiro poder do magista. Eliphas Levi reforçava: “Aquele que sabe querer, pode.” Mas como exercé-la quando estamos acostumados a apenas reagir?

A resposta está na disciplina e no controle dos sentidos. Por exemplo, quando jejuamos,  não estamos apenas negando comida ao corpo mas  estamos ensinando a ele que não é ele quem manda, ou quando praticamos o silêncio, não estamos apenas evitando ruídos; estamos abrindo espaço para a voz do divino.

Na Cabala, o verdadeiro Reino (Malkuth) é aquele governado pelo coração e guiado pela Vontade. Não à toa, Jesus ensinou: “Buscai primeiro o Reino de Deus”. Esse Reino não está fora, mas dentro de nós e  consequentemente para acessá-lo, precisamos reverter o processo de hipnose sensorial.

Como Retomar o Poder?

  1. Jejum: Negue-se a ser controlado pelo paladar. Experimente o poder da clareza mental que surge quando você está no controle.
  2. Silêncio: Fique um dia sem consumir informação externa. Descubra os pensamentos que realmente pertencem a você.
  3. Observação: Olhe para o mundo como se fosse a primeira vez. Perceba como seus sentidos condicionam sua percepção.
  4. Vontade: Escolha, deliberadamente, um hábito para mudar como algo pequeno, porém que demonstre que você tem comando sobre si.

No final, a escolha é simples: continuar sendo escravo dos sentidos ou usá-los como portais para sua própria divindade. O rei pode acordar a qualquer momento. Basta lembrar quem ele realmente é.

 

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